domingo, 25 de agosto de 2019

Mestres em cachaça no Circuito das Águas

Viviane diz que todo o processo que resulta nos três rótulos de cachaça e um licor hoje no mercado é artesanal.


Em Socorro (SP), outra estância do Circuito das Águas Paulista conhecida pela produção de cachaça, Wellen Mazzolini de Lima, de 30 anos, contribui para que a história inciada pelo pai há 32 anos prospere cada vez mais. “Aprendi tudo que sei com o meu pai e, agora, tenho o apoio dele para dar sequência ao trabalho".

Mestres em cachaça no Circuito das Águas, mulheres falam com orgulho da profissão: 'Paixão'

Viviane Baldin e Wellen de Lima revelam orgulho da profissão e contam sobre como começaram nos negócios que comandam em Amparo (SP) e Socorro (SP).
Por Ivan Lopes, G1 Campinas e região

Wellen de Lima e Viviane Baldin comandam alambiques no Circuito das Águas Paulista  — Fotos: Andreia Pereira

O recado já foi dado: lugar de mulher é onde ela quiser! E nas cidades de Amparo (SP) e Socorro (SP), isso inclui o comando de alambiques. Para quem ainda acha que o mercado da cachaça é restrito ao mundo masculino, no Circuito das Águas Paulista elas dão as cartas na produção e venda de rótulos artesanais da bebida, um patrimônio histórico, gastronômico e cultural do Brasil.

Em entrevista ao G1, duas "alambiqueiras" contam sobre a relação com a bebida e a paixão pela profissão.

Viviane Baldin, por exemplo, é mestre alambiqueira e trabalha em uma microempresa do ramo de cachaça artesanal, em Amparo, desde os 18 anos. Hoje com 32, fala com orgulho da profissão.

“Sempre gostei de alquimia, de procurar o aperfeiçoamento do produto unindo a ciência e a técnica. Mergulhei com tudo nessa paixão”, diz.
A carreira de 14 anos é marcada por uma luta frenética em busca do conhecimento, sempre com objetivo de encontrar fórmulas e sabores inovadores que satisfaçam o consumidor.

“Participo de cursos, feiras, exposições e concursos. Fico agradecida por ter recebido a oportunidade da empresa. Crescemos juntas e me sinto realizada nesse universo” conta.

Viviane trabalha há 14 anos no ramo — Foto: Andreia Pereira Viviane trabalha há 14 anos no ramo — Foto: Andreia Pereira
Viviane trabalha há 14 anos no ramo — Foto: Andreia Pereira

Artesanal, e premiada
Viviane trabalha há 14 anos no ramo — Foto: Andreia Pereira
“De cada 150 litros de caldo de cana, tiro 20 de destilado. O resto é lixo”, comenta.
Ela conta que a fabricação de cachaça começou em pequena escala, para atender parentes e amigos do proprietário. Ao perceber a qualidade, em 1998, a empresa foi oficializada e iniciou a fase de comercialização formal, sem perder a característica de fabricação artesanal. “Atualmente tiramos 4 mil litros ao ano”, lembra.

De acordo com Viviane, a marca coleciona quatro prêmios, três pratas e um bronze em concursos, sendo o mais importante o de Bruxelas, na Bélgica, em 2012.

“A qualidade da água das minas da fazenda e o processo de fermentação são alguns dos segredos de nossas cachaças, que ficam armazenadas de 6 a 18 meses em tanques de aço inoxidável, tonéis de carvalho europeu e de jequitibá rosa, de acordo com estilo”, comenta.

Wellen aprendeu tudo que sabe sobre cachaça com o pai — Foto: Andreia Pereira Wellen aprendeu tudo que sabe sobre cachaça com o pai — Foto: Andreia Pereira
Wellen aprendeu tudo que sabe sobre cachaça com o pai — Foto: Andreia Pereira

Legado do pai

Wellen aprendeu tudo que sabe sobre cachaça com o pai — Foto: Andreia Pereira
Wellen se considera alambiqueira autodidata e encara o desafio com o propósito de manter viva as raízes da família.

“Comecei a trabalhar no alambique por uma questão da necessidade de ajudar meu pai. Gostei e hoje tenho muito amor pelo que faço”, ressalta.
Com uma produção artesanal de 13 mil litros anuais, o alambique da família Lima abastece mercado, empórios, bares e restaurantes da região. A cachaça é o carro-forte, mas também produzem licores frutados e o famoso melado.

“A produção familiar cresceu aos poucos e em 2001, legalizamos o negócio. Me animo ainda mais ao perceber que podemos chegar ainda mais longe”, diz Wellen, que diz investir no mínimo 9 horas diárias na produção e comércio das cachaças e derivados.

Cachaças produzidas no Circuito das Águas Paulista — Foto: Andreia Pereira Cachaças produzidas no Circuito das Águas Paulista — Foto: Andreia Pereira
Cachaças produzidas no Circuito das Águas Paulista — Foto: Andreia Pereira

Circuito das Águas

O polo turístico conhecido como Circuito das Águas Paulista possui dezenas de alambiques e empresas de cachaça artesanais espalhadas, principalmente nas cidades de Amparo, Socorro, Monte Alegre do Sul (SP) e Serra Negra (SP), mas poucas delas são licenciadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A burocracia e alta carga tributária são as principais justificativas, de acordo com os produtores.

De acordo com o Mapa, 90% da cachaça produzida no Brasil sai de micro e pequenas empresas, com uma média de 4 mil produtores legalizados e 5 mil rótulos registrados. Em 2016, a categoria ganhou a oportunidade de fazer parte do regime tributário do Simples Nacional, o que trouxe uma estimativa de até 40% nos impostos pagos sobre o produto. Sem o Simples, a carga de imposto supera a 80%, de acordo com Instituto Brasileiro de Cachaça (Ibrac).


O que é cachaça?
Segundo o Ibrac, cachaça é a "denominação típica e exclusiva da aguardente de cana produzida no Brasil, tendo como matéria-prima exclusiva o mosto fermentado do caldo da cana-de-açúcar, com teor alcoólico de 38% a 48%".

O Brasil tem capacidade instalada para produzir 1,2 bilhão de litros de cachaça por ano, embora o Ibrac estime algo em torno de 800 milhões a 1 bilhão de litros/ano. A exportação, considerada crescente, é de apenas 2% do montante produzido. Estados Unidos, Alemanha, Paraguai, França e Portugal são os principais importadores do produto.

O Estado de São Paulo lidera em volume o mercado interno da produção de cachaça, embora Minas Gerais seja o maior produtor do destilado de alambique. Atualmente todos os estados do país fabricam a bebida.

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

CARTA DE CACHAÇAS DAS SERRAS PAULISTAS? FESTIVAL DO CIRCUITO DAS ÁGUAS PAULISTAS ABRE A TEMPORADA DE EVENTOS DE DESTAQUE

Além das feiras de negócios,  congressos, workshops, encontros e  demais eventos onde os profissionais  podem trocar informação, os festivais gastronômicos e de bebidas ajudam a disseminar as riquezas regionais que podem ser  Cartaz Circuito das Águas exploradas nos  mais diferentes empreendimentos de gastronomia. E mensalmente esses festivais têm ocorrido por todo o Brasil, permitindo  também que o consumidor final tenha também o contato com marcas e produtos que  destacam a cultura local, ajudando a valorizá-los.

Em mais uma edição, o Festival da  Cachaça do Circuito das Águas Paulistas é um bom exemplo. O evento ocorre entre  os dias 9 e 10 de agosto, em Amparo, no  interior paulista, cidade a menos de 150 km da capital. E são muitos os atrativos, em especial as destilarias presentes,  com produtos bem exclusivos, alguns com premiações nacionais e internacionais.

Uma delas é a Hof, da vizinha cidade de  Serra Negra. A empresa é uma das mais premiadas em concursos nacionais e internacionais e atualmente tem um  linha bem abrangente de produtos, com  destaque para bebidas mistas, licores,  cachaças puras e envelhecidas,  incluindo em barril de uísque, e também  mais recentemente gins e drinques  prontos.

Lançamentos Hof
Entre as novidades recém-apresentadas  da empresa está o Rabo de Galo pronto,  um coquetel alcoólico com receita totalmente inspirada no tradicional  drinque paulistano da década de 1950.  Produzido a partir de duas das melhores cachaças da empresa, adição de vermute, e um toque especial do masterblender, a bebida passa por descanso em  barril. Leve e características únicas,  é o primeiro coquetel genuinamente  brasileiro pronto para beber.

Outros lançamentos da empresa foram o Boxxer London Dry, considerado o  primeiro gim brasileiro triplamente  destilado em alambique de cobre “tipo  pot still” e que conta com nove  botânicos na receita, e o Gin Boxer  Old Tom, de coloração azul, obtida  de  forma natural por conta da flor Cunhã  (Clitoria ternatea) utilizada na  receita, que leva também adição de uma  fina calda de açúcar. Confira a linha  completa da empresa no site:  www.microdestilariahof.com.br .

Vale destacar também entre as empresas participantes a Cachaça Wiba!,  que entre as últimas premiações  recebidas comemora reconhecimentos  como:
– Medalha de Ouro no Concurso Vinhos e  Destilados do Brasil para a sua versão  Wiba! Amburana;
– Medalha de Ouro no Concurso Vinhos e  Destilados do Brasil para a sua versão  Wiba! Prata.

Wiba linha com o GingerA Wiba! é uma das empresas que explora  as tendências e traz sempre novidades  para atender as demandas de mercado. Recentemente a empresa, que participou  do Bar Convent São Paulo, maior evento do ano no País na área de coquetelaria,  apresentou a WIBA Tropicália Ginger.

O produto surgiu após o produtor Wilson  Barros experimentar o delicioso melado cítrico numa visita a Ilha Bela e conhecer a “gengibrada”, uma receita centenária originária da região. Na  época colonial, a região era conhecida pelas aguardentes, mas pelo alto teor alcoólico e para agradar os paladares dos banquetes palacianos, a bebida era misturada a outros ingredientes. A mais popular levava aguardente, gengibre, limão e açúcar.  Há indícios de que era muito apreciada  pela Princesa Isabel, a qual especula- se que tinha uma casa lá. A Wiba! Tropicália Ginger é uma releitura dessa  bebida secular. No paladar, tem dulçor  equilibrado, notas cítricas do limão e  uma leve e agradável picância, fiel à  receita original dos antigos caiçaras.  Veja a linha completa da empresa no  site: https://cachacawiba.com.br .

Também estará presente no evento a  Cambarissú, cachaça produzida pela empresa Folhas de Oliva, de Estiva Gerbi, no interior paulista.

Cerveja Mediterrânea Folhas de OlivaEntre as versões da Cachaça está a Cambarissú Premium, que tem um ingrediente especialíssimo: é a única que passa por anos de envelhecimento em barris de madeira de oliveira cultivadas no sítio Cambarissú, que fica em Bueno Brandão, sul de MG,  a 1.650 metros de altitude, local que  reúne as condições ideais para o cultivo da oliveira, o que garante uma  madeira de excelente qualidade para a  confecção dos tonéis. A cachaça, no  entanto, é envelhecida pela empresa em Estiva Gerbi.

Na verdade a Folhas de Oliva tem uma  linha bem rica de produtos que abrange  azeites, licores, chás, cosméticos e  inclusive cervejas que levam as folhas  de oliva na composição. A empresa foi  um dos destaques da nossa última edição  devido a premiações recebidas para sua  linha de cachaças. Confira AQUI a  reportagem. Mais sobre a empresa no  https://folhasdeoliva.com.br .

Destaque também de página de nossa última edição, a Cachaça Sagrada é outra presença confirmada no evento. Ela é produzida com cana selecionada e destilada em alambique de cobre, com o mais rigoroso padrão de qualidade.

Cachaça Sagrada EnvelhecidaÉ elaborada na Fazenda Vale do Meio, na Zona Rural de Bom Jesus do Amparo, MG. Entre os destaques da linha da empresa está a Cachaça Sagrada Paraíba, que passa por armazenamento em tonéis de madeira de carvalho francês e amburana. Também estão disponíveis as versões Prata, Ouro e Pura.

Recentemente a empresa comemorou novas premiações: Medalhas de Prata no Concurso Vinhos e Destilados do Brasil e no Concurso de Degustações às Cegas da Expocachaça 2019. Informações completas sobre a empresa no site: https://cachacasagrada.com.br .
A empresa também foi destaque na última edição da Carta Premium. Confira AQUI a reportagem.

Outras cachaças presentes no evento:
– Cachaça Flor da Montanha da Fazenda Benedetti: uma das bebidas mais  conhecidas da região, produzida pela  família  há mais de 90 anos. Conta com  versões especiais como a  Flor da  Montanha Estações desenvolvida para  composição de coquetéis de frutas  refrescantes no verão e com calorosas  misturas de ervas e temperos no  inverno. A empresa também lançou  recentemente a sua linha de cervejas.  Informações: www.spaziobenedetti.com.br

Cachaças da Torre- Cachaças da Torre: fabricadas artesanalmente desde 1998 pelo engenheiro agrônomo René Luiz Barreto de Arruda, no sítio Torre Annunziata, situado no próprio  município de Amparo (SP) . Na linha estão  a Cachaça da Torre Desacansada (seis  meses em aço inox), Da Torre Carvalho e  Da Torre Jequitibá Rosa (18 meses  descansada em barris), e o Licor Santa  Cana. Outras informações:  http://cachacadatorre.com.br .

– Cachaça Fina Flor: também artesanal e  produzida em Amparo. Passa por  envelhecimento em tonéis de amendoim e  pode ser desenvolvida de forma  personalizada, com rótulos sob  encomenda para restaurantes, festas,  casamentos, formaturas e eventos. Redes  sociais: @FinaFlorCachaca .

– Cachaça Theodoro: é produzida na na  Fazenda Amábile, que fica na Estância  Hidromineral de Serra Negra e  une o  processo tradicional de produção de  cachaça de alambique com a tecnologia  atual utilizando alambiques de cobre  rebatidos a mão e outros equipamentos  atuais em aço inox, conhecimento  tecnológico e cuidados especiais com a  produção. Desde a escolha e corte das  canas-de-açúcar até o engarrafamento,  todo o processo é feito com esmero  sendo supervisionado por um  especialista em Tecnologia da Cachaça  para garantir a sua excepcional  qualidade. Na linha estão a Cachaça  Theodoro do Véio, Cachaça Theodoro  Jequitibá e Cachaça Theodoro Extra  Premium. Outras informações:  www.destilariatheodoro.com.br .

Cachaça Brisa- Cachaça Brisa da Serra: em 2019 a  linha da empresa já comemora diversas  premiações, entre elas com a Cachaça  Tragaluz, que recebeu Medalha de Prata  no recente  Concurso Vinhos e  Destilados do Brasil, e a Brisa Ouro,  que recebeu a Medalha de Ouro no mesmo  evento. Já Brisa Amburana recebeu a  Medalha de Prata no Concurso de  Degustações às Cegas da Expocachaça.  Outras informações sobre a empresa e  vendas:  www.brisadaserradestilaria.com.br .

– Cachaça Miss White: desenvolvida  exclusivamente para o para o preparo de  caipirinhas e drinques variados. É  elaborada a partir de um processo 100%  artesanal e sustentável, que começa com  a escolha do solo ideal para o plantio  da cana. A colheita é manual e não  sofre queima, preservando sua doçura.  Após a destilação passa por  armazenamento em dornas de jequitibá,  pelo período de seis meses a um ano.  Saiba mais em  http://misswhitebrazil.com .

Cachaça Brasilchik- Cachaça Brasilchik: produto  elaborado nos puros ares da Estância  Climática da Serra Bragantina, provém  de cana com corte selecionado, e do  coração do destilado. Na linha estão as  versões Branca, Envelhecida em Barril  de Carvalho, Envelhecida em Barril de Amburana e Cacchaça Brasilchik Mel  (bebida mista). Informações detalhadas  em www.brasilchik.com .

- Cachaça Gavena: produzida em  alambique de cobre e armazenada e  envelhecida em madeiras especiais. A  Prata, por exemplo, passa por 9 meses  em tonéis de Amendoim do campo. Já a  Gavena Ouro, é envelhecida por 2 Anos  em barris de Carvalho Europeu. Mais  informações sobre a empresa no:  https://www.gavena.com.br .

– Cachaça Pioneira: produzida na  vizinha Socorro, a Pioneira provém de  um alambique familiar há mais de 30  anos no mercado, que também elabora  licores, melado, rapadura e açúcar  mascavo. Outras informações:  https://www.facebook.com/pg/alambiquepioneira .

Cachaça Yapira- Cachaça Yapira: produzida na cidade de Itapira, é uma uma bebida fina de alto padrão de qualidade. Na linha estão a Yapira Ouro (com aroma suave, graduação alcoólica de 41%, envelhecida em barris de carvalho por um período de 3 anos; e a Yapira Prata, também com graduação alcoólica de 41%, que passa por seis meses de descanso no inox, o que resulta em uma cachaça cristalina, com aroma característico e sabor  harmonioso, sem influência de madeiras.  Saiba mais sobre a empresa no site:  www.cachacayapira.com .

– Cachaça Garoa de Engenho: a bebida,  de alta qualidade está disponível nas  versões: Branca (com  aroma da própria  cana e sabor levemente frutado, passa  por armazenamento em tonéis de amendoim  por um período de 12 meses); Carvalho  (envelhecida por um ano no barril,  remetendo a um aroma caramelizado –  doce -, amadeirado e suave); Bálsamo  (envelhecida 4 anos em barris, com um  retrogosto lembrando anis), e Amburana,  que passa dois anos na madeira,  apresenta aromas doce, amadeirado, com  forte presença também do aroma de  baunilha e remetendo no retrogosto a  amêndoas. Outras informações:  www.grfam.com.br

Cidades do Circuito das Águas Paulista buscam Indicação de Procedência para certificar as cachaças produzidas na região

O Circuito das Águas Paulista, composto por 09 importantes cidades turísticas, estão em busca da conquista da Indicação Geográfica na modali...